C. S. Lewis, do ensaio Igualdade
Quando a igualdade é tratada não como um remédio ou um dispositivo de segurança, mas como um ideal, começamos a criar aquela mentalidade atrofiada e invejosa que detesta qualquer superioridade. Essa mentalidade é a doença específica da democracia (…) O homem que não consegue conceber por um lado, uma obediência alegre e leal, e por outro, uma aceitação dela nobre e sem constrangimento, o homem que nunca sequer quis ajoelhar-se ou se curvar, é um prosaico bárbaro.
Os três excertos seguintes, de fontes muito diversas, transmitem bem o magnetismo que a realeza autêntica exerce sobre aquelas pessoas que ainda não sucumbiram à “mentalidade limitada e invejosa que detesta toda superioridade”.
De As Aventuras de Sinuhê, um texto do Egito Antigo:
Encontrei Sua Majestade sobre o grande trono de ouro e prata. Prostrando-me por terra, perdi os sentidos em sua presença (…) minha alma fora-se, meu corpo tremia, meu coração não estava mais em meu peito.

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De O Ideal da Realeza, de Christopher Scarf:
Tenho uma vívida memória de ser parte da multidão excitada quando o Rei George VI e Elizabeth, a Rainha-Mãe, visitaram Birmingham em 1950. Na época eu estava no fim da adolescência. A experiência que me marcou de forma mais pungente foi quando estava olhando os visitantes reais, que estavam generosamente de pé nos degraus da Câmara (…) e subitamente tive consciência de um sentimento de “Presença”. Como a personagem Jane Studdock, no livro de C. S. Lewis Uma Força Medonha, eu “saboreei a palavra rei“. Eu estava consciente de quase ouvir as palavras em minha mente, pensando comigo, “Ele não é só ‘um homem importante’, não é só ‘uma figura de autoridade’, nem sequer um presidente: ele é… um Rei!”

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O Conde de Chambord foi o último descendente legítimo pela linha paterna do rei francês Luís XV. Apesar de seu país ter se tornado uma república, e do Conde ter vivido e morrido no exílio, os realistas franceses o consideravam o Rei da França por direito, e lutavam para restaurar seu trono. Um desses realistas foi Huberto Gonzalve Lyautey, que entrou para a história como o Marechal Lyautey. Em 1875, quando tinha vinte anos de idade, Lyautey viajava para Roma e deteve-se em Gorizia, para encontrar o Conde de Chambord. O trecho que segue foi retirado de uma carta que escreveu a um amigo íntimo logo após sua audiência com o Conde:
Acabo de deixá-lo. A emoção é tal, a impressão tão intensa, que não consigo retomar a consciência da minha personalidade, abdicada, diluída nele durante algumas horas de êxtase. O Rei de França! Vi-o, toquei-o, escutei-o. (…) tudo terminou com estas palavras [dele]: “É preciso que Sua Santidade saiba que existe ainda em França uma juventude realista ativa e cheia de fé; que há por trás de mim alguma coisa a mais do que os velhos estados-maiores. É preciso que o sinta. Deve ver o Santo Padre e falar-lhe com toda a franqueza.” Não avalias como eu estremecia. Certamente minha imaginação exagerava as coisas, mas a verdade é que eu tinha a impressão duma investidura da Palavra Real que devia transmitir.
Carta de Lyautey a Antonino de Margerie, in Cartas da Juventude.
