Neste famoso poema, o poeta laureado inglês John Masefield (1878 – 1967) evoca com vividez o apelo da vida no mar.
Os princípios que usei para a tradução foram dois: manter em cada verso o mesmo número de silabas tônicas do original, e manter ao mesmo tempo todas as imagens que Masefield usa. E quando surgiu a possibilidade de alguma rima, adotei-a. Para comparação, o original está logo abaixo.

A Febre do Mar
Eu devo descer aos mares de novo, ao mar solitário e ao céu, E tudo que peço é um alto navio e uma estrela com que o guiar, E o puxar do timão e do vento a canção e o fremer das velas brancas, E uma névoa cinzenta na face do mar e uma aurora cinzenta a raiar. Eu devo descer aos mares de novo, a maré montante chama Num chamado selvagem, chamado tão claro que não se pode negar; E tudo que peço é um dia ventoso co’as nuvens brancas voando E os borrifos lançados e a espuma soprada e as gaivotas gritando. Eu devo descer aos mares de novo, à cigana vida vagante, Onde a baleia e a gaivota são donas da rota e o vento é uma faca cortante; E tudo que peço é um conto alegre de um companheiro do mar, E um sono tranquilo e um sonho bonito quando o longo turno acabar.
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Se gostou desta tradução de A Febre do Mar, você gostará também da tradução do poema Ulisses de Alfred Tennyson.
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The Sea-Fever
I must go down to the seas again, to the lonely sea and the sky, And all I ask is a tall ship and a star to steer her by; And the wheel’s kick and the wind’s song and the white sail’s shaking, And a grey mist on the sea’s face, and a grey dawn breaking. I must go down to the seas again, for the call of the running tide Is a wild call and a clear call that may not be denied; And all I ask is a windy day with the white clouds flying, And the flung spray and the blown spume, and the sea-gulls crying. I must go down to the seas again, to the vagrant gypsy life, To the gull’s way and the whale’s way where the wind’s like a whetted knife; And all I ask is a merry yarn from a laughing fellow-rover, And quiet sleep and a sweet dream when the long trick’s over.
Imagem: “Fragata armada no mar” de Michael Zeno Diemer
A tradução está belíssima; e não é, de todo, uma composição fácil de traduzir. Muitos parabéns.
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Muito obrigada. Fico mesmo feliz de que tenha gostado tanto a ponto de deixar um comentário 🙂
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Excelente tradução !!!
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Parabéns!!
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This is a wonderful poem you’ve resurrected for us. I read in High School and couldn’t appreciate it as fully as I do now.
By sorry contrast, here is the French poet Mallarmé’s selfish attempt at a similar subject. But (in my opinion) he does not capture much of the magic and soul of the open sea and sky that comes through as with Masefield’s version:
Titre : Brise marine
Poète : Stéphane Mallarmé (1842-1898)
Recueil : Poésies (1899).
La chair est triste, hélas ! et j’ai lu tous les livres. Fuir ! là-bas fuir ! Je sens que des oiseaux sont ivres D’être parmi l’écume inconnue et les cieux ! Rien, ni les vieux jardins reflétés par les yeux Ne retiendra ce cœur qui dans la mer se trempe Ô nuits ! ni la clarté déserte de ma lampe Sur le vide papier que la blancheur défend, Et ni la jeune femme allaitant son enfant. Je partirai ! Steamer balançant ta mâture Lève l’ancre pour une exotique nature !
Un Ennui, désolé par les cruels espoirs, Croit encore à l’adieu suprême des mouchoirs ! Et, peut-être, les mâts, invitant les orages Sont-ils de ceux qu’un vent penche sur les naufrages Perdus, sans mâts, sans mâts, ni fertiles îlots… Mais, ô mon cœur, entends le chant des matelots !
Stéphane Mallarmé.
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I am happy to have brought The Sea-Fever back to your attention 🙂
I agree that Mallarmé’s poem sounds selfish, with the line about leaving the woman and the child. But I think the main difference is that Masefield’s has a very clear rhythm, like the rocking of the ship on the waves, whereas Brise Marine is very static – it sounds almost like prose.
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