
A conto tradicional que leremos para aumentar nosso vocabulário esta semana vem da Romênia. É uma antiga lenda que conta o que foi que Deus deu para os diferentes povos daquela região.
Com esta história, podemos aprender pelo menos duas novas palavras: “profícuo” (= lucrativo, útil) e “árdua” (= cansativa). É interessante também reparar na forma alternativa do imperativo da segunda pessoa do singular: “dize-me” em vez de “diz-me”.
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O Cigano
Era no começo do mundo. Deus quis festejar a criação distribuindo dons entre os homens.
Chamou o judeu:
— Dize-me, que é que tu desejas?
— Concede-me a riqueza.
— A riqueza terás.
O Padre Eterno interrogou depois o romeno.
— Que é que pedes?
— A riqueza.
— Não posso mais atender-te: esse dom já foi distribuído. Pede outro.
— Dá-me então a alegria do trabalho honesto e profícuo.
— Essa alegria terás.
Chegou depois o cigano.
— Podes pedir um dom.
—A riqueza, Senhor!
— Já pertence ao judeu.
— A alegria do trabalho que torna a vida tranquila.
— Já a dei ao romeno.
— Que é que posso então pedir?
— Posso dar-te a despreocupação e o contentamento.
— Dá-mo. Viverei alegre e despreocupado, a cantar, a dormir ao sol, a passear nas noites de verão à margem dos rios.
Assim é que o cigano não é rico, não é trabalhador. Mas não se atormenta para resolver graves problemas, não se derrete em suor na realização de árduas obras, não se preocupa com o futuro, não teme furtos nem invejas. Vai pelo mundo e canta. E sua alma é infantil e risonha.
Extraído da Enciclopédia Universal da Fábula, vol. XXV; Editora das Américas. Tradução de Hilário Correia.
Imagem: Dança cigana nos jardins do Alcázar, de Alfred Dehodencq. (Fonte: Wikimedia Commons)
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